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Aqueles que nunca dormiram

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Manifestações populares estão mobilizando a juventude em diversas cidades do país. A expressão consagrada o “gigante acordou” oculta, no entanto, a longa luta de movimentos estudantis que se mobilizam há anos por direitos sociais.


Manifestações populares estão mobilizando a juventude em diversas cidades do país. A expressão consagrada o “gigante acordou” oculta, no entanto, a longa luta de movimentos estudantis que se mobilizam há anos por direitos sociais.

Desde junho, milhares de manifestantes têm ocupado as ruas de diversas cidades brasileiras para reivindicarem direitos e exigir melhorias para o país. O fenômeno surpreendeu a todos por sua dimensão e pelo seu modo de propagação, vinculado as redes sociais. Se muitos jovens começaram a se engajar na vida política do país durante estes protestos, o alto grau de politização desses “cidadãos 2.0” deve muito a movimentos estudantis que lutam há anos por um Brasil melhor.

Grande parte dos manifestantes que foram às ruas no Estado do Rio de Janeiro é constituída de estudantes do ensino médio ou superior. Apesar da pouca idade, alguns deles já têm uma longa história política, envolvimento com lutas pela meia-passagem ou pelo pré-sal, e posicionamento político definido. Luiz Felipe Garcez e George Baptista, ambos de Nova Iguaçu, são exemplos desses jovens que discutem política e descem às ruas desde cedo.

Felipe Garcez, conhecido como Pato, tem 22 anos e milita desde os 14, quando cursava a 8ª série do fundamental. Seu desejo na época era melhorar a escola em que estudava. “A falta de democracia interna causada por uma direção autoritária foi o estopim para eu conhecer essa ferramenta: o movimento estudantil”, conta ele. Durante seus oito anos de militância, Pato já participou do grêmio estudantil do CEFET RJ – Uned Nova Iguaçu, da União dos Estudantes de Nova Iguaçu (UENI) e foi primeiro secretário geral da União Estadual dos Estudantes Secundaristas do Rio de Janeiro (UEES RJ).

Pato diz ter muito orgulho do caminho que trilhou. Umas das experiências que marcou sua vida foi a conquista, em 2011, da meia-passagem nos transportes para os cotistas e prounistas da capital do Rio e outras cidades do interior, que levou milhares de jovens às ruas. “A gente começou numa reunião com 10 estudantes e terminou ocupando a câmara de vereadores com mais de cinco mil, num momento em que se dizia que o movimento estudantil tinha sumido”, conta ele.

Segundo Pato, as atuais manifestações no Rio também têm muita relação com o movimento estudantil, pois a “gota d’água” das mobilizações foi a questão da tarifa. “E historicamente, é o movimento estudantil que ano após ano organiza essa luta. O próprio Movimento Passe Livre (MPL) de São Paulo e de quase todo o Brasil é composto por membros de movimentos estudantis. Em Niterói e no Rio, as primeiras manifestações foram puxadas por entidades estudantis. No caso de Niterói, foi o Diretório Central Estudantes (DCE) da Universidade Federal Fluminense. E nós não podíamos imaginar que ia chegar a ser desse tamanho”, explica.

Atualmente Felipe Garcez é diretor do DCE da UFF e espera que esse grande movimento de massas possa servir para ajudar a emancipar o povo: “Com a idéia de “manifestar” na pauta, espero que cada vez mais brasileiros se organizem para disputar a política do nosso país”.

George Baptista não tem uma história muito diferente do jovem Felipe. Ele começou a se interessar por política aos 17 anos. Esteve no movimento estudantil entre 2004 e 2010. O motivo que o levou a participar do movimento é o mais comum: melhorias para a própria escola. Após trocar experiências com outros gremistas, George percebeu que sua luta era muito maior que seu colégio. Ele já fez parte de entidades como a União dos estudantes de Nova Iguaçu (UENI), da qual foi vice-presidente, em 2005, quando ainda era secundarista. Quando universitário foi diretor da UEE-RJ, em 2008. Hoje, com 26 anos, faz parte da direção de Juventude do PT de Nova Iguaçu, atuando na promoção de políticas públicas para a juventude. A experiência que mais marcou o militante foi a mobilização a favor da meia-passagem para estudantes das escolas públicas. “Foi uma grande vitória para os estudantes do Rio, e fico muito feliz de ter participado”, conta ele.

A juventude sempre esteve envolvida nas manifestações que levaram o Brasil a grandes mudanças. Não por acaso, uma das primeiras ações do regime militar no início da ditadura, em 1964, foi destruir a sede da União Nacional dos Estudantes (UNE), que ficava no Flamengo. Mas além do movimento estudantil, que deixou vítimas no período da ditadura militar, outros grupos vêm lutando por direitos ao preço de suas vidas: confrontos com violência vitimaram, na história recente do país, camponeses, sindicalistas, grupos indígenas, ou ainda moradores de comunidades de baixa renda. O que parece novo, é a caixa de ressonância que certos movimentos parecem ter ganhado, graças à mobilização dos jovens e ao caráter múltiplo da mobilização que ganhou o pais há dois meses.

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