O Poder da Comunicação Comunitária

 

Gosto muito dos meios de comunicação: televisão, jornais (faço questão de pelo menos 2), rádio (sou apaixonado e passo praticamente o dia todo ouvindo) e a internet (tem sido bastante útil na minha vida). Foi aos meios de comunicação que recorri quando o lugar onde moro passou por um dos momentos mais difíceis em 2011, por conta da violência. Justamente a partir da reação da comunidade, protestando inclusive a morte de um menino inocente que faleceu vítima de uma bala perdida, que comecei a divulgar a VK para o mundo.

Não me lembro como, mas soube do VIVA FAVELA e comecei a mostrar o que de bom acontecia e acontece aqui. Gostei e não parei mais e devido a minha participação, fui indicado para um outro projeto de comunicação comunitária, o site ESSE É O MEU LUGAR/CINTRA 
http://www.omeulugar.com.br/site/conteudo/cenario.php?C=284

Fico feliz em saber que esse meu “trabalho” tem tido algum retorno positivo pois a partir da minha divulgação da Vila Kennedy, a sua exposição foi um pouco mais ampliada. Em 1º de setembro de 2011, fui homenageado com o título de Cidadão Globo da Rádio Globo e em maio deste ano, por indicação do VIVA FAVELA, dei uma entrevista para a Rádio CBN. Algumas mensagens minhas no VIVA FAVELA serviram de fonte para matérias em jornais como o EXTRA e O GLOBO. Um momento muito legal foi a inclusão de O REI DO PEIXE DA VK no GUIA CARIOCA DE GASTRONOMIA 2 e isso tudo começou com uma mensagem sobre o trabalho do casal aqui da Vila Kennedy. Deraldo e Vânia, todos os finais de semana, atendem a galera interessada em comer bem. O REI DO PEIXE serve basicamente: camarão frito, bobó de camarão e peixe frito com acompanhamentos. Já uma luta constante é pela REABERTURA DO TEATRO MÁRIO LAGO, que foi fechado pelo Governo do Estado em fevereiro desde ano, depois de estar em pleno funcionamento http://oglobo.globo.com/rio/desativacao-de-teatro-na-vila-kennedy-prejudica-250-pessoas-8073239

A minha proposta é simples: mostrar o que a VK tem de bom e na medida do possível tentar buscar solução para alguns problemas. Tenho a convicção de que o tem de melhor na Vila Kennedy são os moradores de bem, que lutam por uma melhor qualidade de vida não só para si, mas para muitos.

Mantendo a minha luta de mostrar o melhor da VK, no dia 21 de fevereiro, o site Esse é o meu lugar Cintra exibiu uma mensagem em homenagem ao Dia do Atleta Profissional e homenageamos o Projeto Fábio Américo, que é mantido pelo ex-atleta profissional de futebol e hoje cadeirante Fábio Américo e o seu auxiliar Laerte Félix.                  
Fábio Américo foi jogador profissional e entre outros clubes de maior expressão, ele jogou no Atlético Paranaense e no Madureira e desde o ano de 2010 criou um projeto para descobrir novos talentos aqui na Vila Kennedy. Lembrando que o Fábio começou no esporte na escolinha de Futsal “Craques do futuro”, coordenada pelo ex-goleiro Ary e sua esposa no início dos anos 80.

No final do mês de setembro, recebi uma ligação de uma pessoa até aquele momento desconhecida.  Mesmo por telefone demonstrava pela voz estar emocionada. Perguntei como ele chegou a mim e ele disse que tinha visto uma mensagem que eu havia colocado na Internet sobre o projeto esportivo do amigo dele. Pedi que ele me enviasse uma mensagem e nela relatasse melhor a situação

‘Olá,

Meu nome é Carlos Cesar, conheci Fabio Américo na escolinha de Futsal “Craques do futuro”, coordenada pelo ex-goleiro Ary e sua esposa no início dos anos 80. Nesta época, ele já se mostrava um ótimo amigo e que seria um excelente profissional de futebol. O reconhecimento chegou quando ele foi jogar no Clube Atlético Paranaense e pelos motivos do referido clube, Fábio veio por empréstimo ao Madureira F. Clube. E sempre que tinha tempo, Fábio fazia visitas a minha família e do também amigo Ricardo Rajagabaglia que na época jogavam juntos na supracitada escolinha.

Até onde sei, ele junto do seu irmão sofreram um acidente. Ao saber do ocorrido, tamanha foi a minha tristeza, que mesmo pressionado por minha mãe não tive coragem de visitá-lo. Como em todo fato de grande repercussão existem boatos e chegou até ao meu conhecimento que ele havia falecido.

Passado os anos, consegui resgatar um álbum de fotos que estava com minha afilhada, dentre elas algumas que estavam perfilados ao lado de Pelé no campo de São Januário, foi quando bateu minha curiosidade de ter informações ou fotos de Fabio Américo, na época que jogava no C.A.P.

Ao buscar nas redes sociais, encontrei algumas páginas citando sobre o ‘’Projeto Fábio Américo’’, pensei que seria um tipo de homenagem, mas para minha surpresa pude ver que ele próprio era o idealizador. Fiz contato com um dos telefones do site e falando com Laerte, um dos apoiadores do Fábio, disse que lhe passaria o meu contato

Gostaria de estar presente na próxima terça-feira para um grande e tão esperado reencontro com meu amigo. Estou tentando localizar amigos da época para que possam participar deste momento e tenho certeza que da mesma forma Fábio compartilhará desta felicidade.”

Então fiquei de ajudar. Passei do Laerte (colaborador do Fábio Américo) e no dia 1º de outubro, conseguimos preparar uma surpresa do Fábio, o Carlos foi até a Vila Olímpica da Vila Kennedy. Inicialmente ele se apresentou como uma pessoas interessada em conhecer o projeto e um pouco mais da história do seu idealizador. No começo eles se apresentaram e o Fábio nem se deu conta de que aquele que vinha visitá-lo era um antigo conhecido.

Fábio falou um pouco sobre a sua história
Carreira – “a primeira escolinha que participei foi o Craque do Futuro, em Bangu, do seu Ary e da dona Hilma. Foi ali que comecei minha trajetória, com 9 anos. Os amigos que formei no Craque do Futuro foram o Pimentel, lateral direito que jogou no Flamengo, no Vasco. A minha ida para o Atlético Paranaense foi por intermédio de um amigo, o Vanderson, que me falou que tinha um empresário, seu Lopes, que estava levando jogadores e estava fazendo uma peneira. Logo no primeiro teste que fiz eu passei e então ele me sugeriu que eu fosse para o Atlético Parananese, onde eu fiquei  4 anos e meio,  quase 5 anos. Ainda joguei no Iguaçu, lá. do Paraná também e nos dois ganhei alguns títulos. Ainda vim pro Barra Mansa F.C. aqui no Rio de Janeiro. Nesse meio do futebol ainda tenho amigos como o Leomar, o Paulo Rink, o Oséas. Eu tenho contato com esses amigos.

Trabalho Atual – “o Projeto Fábio Américo tem ajuda do Laerte e parceria com a Vila Olímpica (Ary de Carvalho, mantida pela Prefeitura). O projeto acontecia lá no Barrão (uma outra área da comunidade), só que o Barrão não tem mais condições de acolher as crianças por falta de segurança e de estrutura e então viemos a participar dessa parceria com a Vila Olímpica. O projeto não tem fins lucrativos e acolhemos crianças de 9 até 19 anos no máximo. . A nossa finalidade é de criarmos o cidadão, uma personalidade com as crianças, um caráter dentro da nossa comunidade  de Vila Kennedy. Nós falamos que é uma comunidade que tem muitos valores bons, não só como jogadores de futebol, mas nas outras áreas. Nosso projeto quer dar uma personalidade, uma educação.”
Depois de alguns momentos, o auxiliar do Fábio, Laerte, mostra pra ele, uma foto da época do projeto Craques do Futuro e ele vai relembrando dos antigos  amigos. A foto mostra o time participando da 1ª Copa Pelé e os garotos receberam a visita do próprio Pelé, com quem fizeram uma foto. Fábio vai citando os amigos até que ele cita o nome do amigo Carlos César e então se dá conta que aquela pessoa que estava ao lado dele era “a cara dele” e reconhece o amigo, que ele visitava muito quando vinha do Paraná para o Rio de Janeiro. Nesse momento eles se saudaram e então Carlos comentou, “comecei a pesquisar e chegou ao meu conhecimento que você tinha falecido, mas quando bateu a saudade, pesquisei o nome do amigo no Google e encontrei o nome do Projeto Fábio Américo e na verdade descobri que você está vivo. Passei pra outros amigos e recordei também que quando soube do seu acidente minha mãe bateu de frente comigo dizendo “você não foi visitar o seu amigo. Quando ele vinha do Paraná, ele vinha aqui te visitar, ele era muito teu amigo. Então cara, quando eu soube que você está vivo… e hoje a minha alegria é tão grande em saber que você está aqui, no meio que a gente cresceu , que a gente viveu boa parte da infância e pra mim é muito feliz e satisfatório”.

Depois, direcionando suas palavras especialmente para os garotos, Carlos César deixou sua mensagem final, “quem dá força pra ele (Fábio Américo) é Deus e vocês tem que agradecer muito a Deus primeiramente e depois a ele. É de Deus que ele tira essa força e isso é uma benção na vida de vocês e por isso vocês tem que dar valor por trazer coisas boas pra vida de vocês. O que está fazendo é de todo coração.”

Só tenho que agradecer ao VIVA FAVELA por fazer parte da história desta comunidade que em 20 de Janeiro de 2014 completará 50 anos e parabenizar este trabalho que permite que muitas áreas possam ser mostradas com o que tem de ruim, mas principalmente com o que tem de melhor, já que nem sempre isso acontece com a grande mídia, já  que normalmente ela costuma mostrar o que de negativo acontece principalmente no subúrbio, periferia e favelas.